A questão indígena com o novo governo
Algumas matérias de jornais lançaram dúvidas sobre como será levada a cabo a questão indígena após a administração Dilma Rousseff sair do poder. Alguns indícios dão conta de que será ainda mais difícil o relacionamento entre governo federal e povos indígenas pois o presidente Michel Temer é aliado de vários grupos conservadores notadamente contra a demarcação de terras indígenas, como o setor agrícola (chamada de bancada do boi no Congresso, aliada às bancadas da bala e da bíblia).
Matéria no Brasil Post aponta “10 motivos para temer a bancada BBB”. E em relação aos direitos indígenas, a preocupação se dá no que concerne à PEC 215, que transfere do governo federal e da Funai para o Congresso a responsabilidade por fazer a demarcação de terras indígenas. É uma preocupação óbvia, pois estamos sobre o comando do legislativo mais conservador desde a ditadura.
Já matéria no El País destaca que a preocupação seve principalmente no protagonismo do partido do presidente interino, o PMDB, em pautas anti-indígenas, como a CPI da Funai e do Incra e a proposta do ex-ministro da Planejamento, Romero Jucá, de um projeto de lei que regulamenta a mineração em terras indígenas. Outra matéria, esta da BBC Brasil, detalha os movimentos nefastos de Jucá em prol da mineração em território indígena e destaca o ritual que os Ianomâmis fizeram pela saída do político do governo.
Para Gustavo Vieira, membro do Movimento de Apoio aos Povos Indígenas (Mapi), o PMDB de Temer está “todo dentro” da CPI da Funai e protagonizando a PEC 215. O próprio ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, deu indícios de que poderá satisfazer o desejo desses grandes grupos ao afirmar que irá rever as demarcações que foram feitas “no apagar das luzes” por Dilma.
Ele se refere a decretos assinados pelo governo da presidente Dilma Rousseff dias antes de seu afastamento pelo Senado, como a aprovação de estudos para demarcação em uma área de 55.590 hectares, na região de Dourados, no sul do Mato Grosso do Sul, tradicionalmente ocupada pelos guarani-kaiowá. Um grupo um grupo de 60 indígenas do povo guarani-kaiowá, inclusive, protestou em frente ao local de trabalho do ministro semana restrasada.
É amigos e amigas, a vida parece que não vai ser fácil para os povos indígenas. Mas a resistência vai ser ainda maior!