Espetáculo de dança é inspirado na cultura indígena

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Trecho do espetáculo – Foto: divulgação

Proposto pela bailarina Huana Viana e produzido pela bailarina Francis Baiardi, da Contem Dança Cia, o espetáculo de dança “Apoena: Aquele que vê longe” é inspirado na cultura indígena.

A obra foi encenada na comunidade indígena Sahu-Apé, no km 37 da rodovia Manoel Urbano, que liga Manaus a Manacapuru (Amazonas). E vai passar por diversos lugares na região.

“Durante o processo de produção fizemos uma residência artística de dez dias na comunidade Sahu-Apé, onde dividimos a rotina com os moradores e compartilhamos muita experiência. Por todo apoio que recebemos durante esse processo, é justo que a primeira apresentação seja na aldeia.(…)”, comentou Francis.

A obra visa retratar a cultura ameríndia a partir da realidade sociocultural que o índio da Amazônia se encontra na contemporaneidade, levando em consideração as peculiaridades culturais da região.

Poesia de Daniel Munduruku inspira o dia a dia de todos

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Beija-flor – reprodução

Hoje é dia de relaxar, acordar beija-flor e por uns instantes esquecer as guerras particulares, étnicas, o descalabro em torno das questões indígenas, as indefinições políticas que assustam qualquer um.

Nada melhor do que uma poesia de Daniel Munduruku, autor do texto original de “Meu Vo(o) Apolinário”. Leia abaixo “Hoje, eu acordei Beija-Flor”:

Hoje vi um beija flor assentado no batente de minha janela.

Ele riu para mim com suas asas a mil.

Pensei nas palavras de minha avó:

“Beija-flor é bicho que liga o mundo de cá com o mundo de lá.

É mensageiro das notícias dos céus. Aquele-que-tudo-pode fez deles seres ligeiros para que pudessem levar

notícias para seus escolhidos. Quando a gente dorme pra sempre, acorda beija-flor.”

Achava vovó estranha quando assim falava. Parecia que não pensava direito! Mamãe diz que é por causa da idade. Vovó já está doente faz tempo. Mas eu sempre achei bonito o jeito dela contar histórias. Diz coisas bonitas, de tempos antigos.

Eu gostava de ficar ouvindo. Ela sempre começava assim: “Tininha, há um mundo dentro da gente. Esse mundo sai quando a gente abre o coração”…e contava coisas que ela tinha vivido…e contava coisas de papai e mamãe…e contava coisas de hoje e de ontem. Ela só não gostava de falar do futuro…dizia que não valia a pena. Futuro é tempo que não veio, ela dizia.

Pensei nisso tudo por causa do beija-flor. Até esqueci de visitar vovó em seu quarto. Fazia isso sempre que acordava. Vou fazer isso agora…

Nesse exato momento mamãe entrou no meu quarto. Estava triste. Trazia um papel na mão. Sentou-se na borda da cama e esticou para mim o papel. Abri-o devagar. Dentro tinha uma mensagem escrita com a caligrafia de vovó. Lá estava escrito:

“Tininha, hoje acordei beija-flor”.

Sorri para mamãe que nada entendeu. Eu entendi.

 

Indígenas Munduruku publicam livro sobre saúde e alimentação

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Livro tem tiraragem de 500 exemplares – Reprodução

Indígenas Munduruku produziram um livro na língua da etnia que cataloga plantas e animais, fontes de alimentação e saúde para a etnia. A publicação tem o intuito de “fortalecer os conhecimentos tradicionais do próprio povo”.

Além da catalogação, o livro ensina como utilizar as matérias-primas e informa as vantagens dos produtos naturais em relação aos industrializados.

“Kuyjeat Posũg̃ – Saúde e alimentação Munduruku” é destinado a mais de três mil estudantes Munduruku do sudoeste do Pará. E estão sendo distribuídos 500 exemplares nas 48 escolas Munduruku do alto e médio Tapajós.

A publicação aborda ainda a riqueza nutritiva de animais como o porco-do-mato e a anta, em detrimento a fontes não tradicionais, como o porco e o boi criados para abate.

A pesquisa que deu origem ao livro foi feita em 2014, durante etapa de formação ministrada sob a orientação dos professores Cailo Almeida, Claudeth Saw e Zenildo Saw. Os autores são cursistas de Magistério Intercultural pelo Projeto Ibaorebu de Formação Integral Munduruku, executado pela Fundação Nacional do Índio (Funai).

Já a impressão do livro foi feita com recursos de um acordo judicial proposto pelo Ministério Público Federal (MPF) com o município de Jacareacanga. No acordo, o MPF cobra do município a regularização dos serviços de educação indígena aos Munduruku.

Acesse aqui para conferir o livro.

Daiara Tukano faz denúncia contra “estado de exceção” no MS

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Daiara Tukano – Foto: divulgação

A semana tá braba, com a situação em Mato Grosso do Sul se tornando cada vez mais caótica. Uma das mais importantes ativistas indígenas do País fez um apelo emocionado em prol da etnia Guarani Kaiowá que sofre com um “estado de exceção” – segundo ela .

Daiara Tukano, pertencente à etnia Tukano do Amazonas, gravou um vídeo-denúncia abordando o massacre na região patrocinado por fazendeiros com a ajuda da Polícia Militar do Estado, Força Nacional, a Polícia Federal e a Polícia de Fronteira.

Confira o depoimento de Daiara:

Líderes indígenas rejeitam megaprojetos nos rios da Amazônia

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Alter do Chão, local do evento – Foto: Andressa Azevedo/G1

Um grandioso “NÂO” foi dado por lideranças indígenas de povos como os Tupinambá, Munduruku e Borari durante a abertura do Festival das Águas. Matéria no G1 destaca o apelo das lidenças dessas etnias.

No encontro foi debatida entre a comunidade a importância da preservação do maior aquífero do mundo, que está localizado na vila de Alter do Chão – onde aconteceu o evento.

O vice cacique da aldeia São Pedro, da etnia Tupinambá, Lenito Peixoto, localizada no rio Tapajós, comemora a inciativa do festival das águas em debater as questões dos direitos dos indígenas e sobre a conservação do bem maior que é água.

“Estamos sem apoio dos órgãos do Governo. Conseguimos barrar o projeto de crédito de carbono por lá e agora estamos lutando contra um projeto madeiro sustentável, a gente não concorda”, enfatizou Peixoto ao G1.

Pauta conservadora do governo é posta em cheque por povos indígenas

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Bloqueio de pistas na Rodovia MS-116, entre Dourados e Itaporã Foto Hédio Fazan

Sem consultar lideranças indígenas ou especialistas no assunto, o ministro da saúde, Ricardo Barros, impôs a retirada da autonomia financeira da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e dos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI´s). Os indígenas protestaram, fizeram ocupações, e o ministro voltou atrás.

A portaria nº 475, de 17 de março de 2011, baixada logo após a criação da Sesai, garantia a autonomia do órgão para descentralizar aos DSEI´s a gestão orçamentária e financeira do Subsistema de Saúde. No entanto, no dia 17 de outubro deste mês, a portaria 1.907 estipulou que os DSEIs dependeriam da decisão de Brasília para realizar gastos, como transporte e equipamentos.

Mesmo revogada, os indígenas estão receosos com a pauta conservadora do governo e na última quarta-feira, 9 de outubro, foram à Brasília protestar. Uma delegação com representantes de seis povos se reuniu com o presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara, deputado Padre João (PT-MG), para pedir reforço na luta contra a retirada de direitos, sobretudo na área da saúde.

Em outros lugares, há bloqueios de rodovias em protesto ao desmonte da saúde indígena, como nas pistas na Rodovia MS-116, entre Dourados e Itaporã (Mato Grosso do Sul).

Sessões de “Meu Vo(o) Apolinário” no Itaú Cultural foram um sucesso

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J. Lopes Índio durante uma das sessões no Itaú Cultural – Foto: Felipe Madureira / IAE Brasil 

As sessões de “Meu Vo(o) Apolinário” no Itaú Cultural, em São Paulo, foram um sucesso. Os dois dias foram tomados por crianças e seus pais que acompanharam com muita atenção a saga do menino Munduruku, imerso em dilemas próprios de sua idade.

Ao final, os espectadores puderam bater um papo com os atores Wesley Leal e J. Lopes Índio, além do autor do texto original, Daniel Munduruku. Abaixo algumas fotos do que rolou sábado e domingo.

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Elenco e Daniel Munduruku após a sessão de domingo – Foto: Felipe Madureira / IAE Brasil

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Wesley Leal em ação – Foto: Felipe Madureira / IAE Brasil

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A dupla no palco – Foto: Felipe Madureira / IAE Brasil

Confira mais fotos no Facebook da peça teatral – acesse aqui.

Veja cenas de “Meu Vo(o) Apolinário” e se prepare para o final de semana

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Cenas da peça – Foto: Marcos Ferreira / IAE Brasil

É no sábado, 5, e domingo, 6, que o público poderá assistir as peripécias do pequeno Munduruku que ao ouvir as palavras de seu avô volta a ter orgulho de sua ancestralidade.

As apresentações ocorrem no Itaú Cultural (Avenida Paulista, 149 – São Paulo) às 16 horas. A classificação é livre. A entrada é gratuita e a distribuição de ingressos ocorre a partir das 14h. O teatro tem capacidade para 254 lugares.

Uma coisa legal dessas apresentações é que simultaneamente à performance da dupla de atores Wesley Leal e J. Lopes Índio haverá uma interpretação em libras do diálogo entre neto e avô – algo totalmente inédito na história da peça.

Para já ir aquecendo para esses dias de teatro, relembre um pouco ao ver algumas cenas da peça no vídeo abaixo: